A morte trágica do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, ocorrida em área rural de Aquidauana, evidenciou não apenas o risco de ataques de animais silvestres, mas também a vulnerabilidade de regiões isoladas do Pantanal Sul-mato-grossense, onde o acesso difícil pode atrasar socorros e comprometer a segurança de trabalhadores e visitantes.
Jorge trabalhava em um rancho localizado nas proximidades do pesqueiro Touro Morto, uma região de mata densa a cerca de duas horas de barco a partir do porto de Miranda. Segundo as autoridades, o último registro de atividade do caseiro foi feito por meio de aplicativo de mensagens às 5h30 do dia 21 de abril. Apenas uma hora depois, um piloteiro local encontrou sinais de sangue e pegadas de um animal silvestre de grande porte nas imediações do rancho.
A ocorrência foi inicialmente tratada como desaparecimento, mas rapidamente ganhou novos contornos com a chegada de equipes da Polícia Militar Ambiental e da Polícia Civil. A operação de busca mobilizou um helicóptero da Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA), além de peritos e policiais ambientais de várias unidades. O local só podia ser acessado por embarcação ou aeronave, o que exigiu uma complexa logística de mobilização.
Restos mortais e material biológico compatível com sangue foram encontrados no dia do desaparecimento. No dia seguinte, partes do corpo de Jorge foram localizadas em um capão de mato a aproximadamente 280 metros do rancho. Durante a operação de resgate, um dos membros da equipe chegou a ser atacado por uma onça-pintada, confirmando a presença do animal na área e aumentando ainda mais o risco da missão.
A confirmação oficial da identidade de Jorge foi feita nesta quarta-feira (23) pela Polícia Civil, com base em exame necropapiloscópico realizado pelo Núcleo de Identificação de Aquidauana. Segundo o delegado responsável, Luis Fernando Domingos Mesquita, os indícios reunidos até o momento apontam para um ataque de animal silvestre, não havendo sinais de crime humano. O caso segue sendo investigado como "morte por causa indeterminada" até a finalização dos laudos periciais.
O episódio reacende o debate sobre a segurança em regiões turísticas e de pesca esportiva no interior do estado, muitas das quais ainda carecem de estrutura de comunicação, sinalização e protocolos de emergência. A Polícia Militar Ambiental já havia alertado, anteriormente, para a presença de onças na região do Morro do Azeite e em áreas adjacentes, inclusive com instalação de placas em pontos turísticos.
Da Redação
Foto: Assessoria