Após 15 horas de julgamento no Tribunal do Júri de Coxim, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) assegurou a condenação de Laurenci Antônio Farias, de 60 anos, pelo assassinato da esposa, Domingas de Jesus Amorim Farias, ocorrido em novembro de 2023, em uma fazenda no município de Alcinópolis. A decisão foi proferida na madrugada da última sexta-feira (31).

O júri, iniciado às 9h21 da manhã de quinta-feira (30), se estendeu até 0h35, após um dia inteiro de oitivas e intensos debates entre acusação e defesa. Ao final da sessão, Laurenci foi condenado a 12 anos de reclusão em regime fechado pelo crime de feminicídio e a mais 1 ano de detenção e 30 dias-multa por posse irregular de armas e munições, conforme o artigo 12 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003).

Durante o julgamento, o promotor de Justiça Victor Leonardo de Miranda Taveira sustentou a tese de homicídio doloso qualificado por feminicídio, destacando que o crime foi cometido no contexto de violência doméstica, o que tornou a vítima ainda mais vulnerável. A acusação também reforçou que a conduta do réu foi intencional e desproporcional, rebatendo a tentativa da defesa de desclassificar o crime para homicídio culposo e afastar a qualificadora.

O Conselho de Sentença, formado por sete jurados, acolheu integralmente a tese do MPMS, reconhecendo a materialidade e autoria do crime. A defesa tentou descaracterizar o feminicídio, mas teve todos os pedidos rejeitados pelo júri.

Na sentença, o juiz Bruno Palhano Gonçalves destacou a frieza e desproporcionalidade da ação de Laurenci, afirmando que ele agiu de forma consciente e não deu qualquer chance de defesa à vítima. O magistrado também determinou a perda das armas apreendidas e a manutenção da prisão domiciliar até decisão final do Tribunal de Justiça.

Foram ouvidas sete testemunhas durante o julgamento, entre acusação e defesa. Familiares de Domingas e moradores da comunidade acompanharam a sessão, marcada por forte comoção.

Da Redação

Foto: Assessoria